A política de compliance é um dos pilares da integridade e da credibilidade de qualquer fundo de investimento, especialmente em ambientes regulatórios exigentes. Ao abordar esse tema, Rodrigo Balassiano, especialista em governança de fundos e estruturação institucional, destaca que a efetividade da política de compliance deve ser continuamente monitorada, ajustada e validada com base em critérios objetivos. Não basta ter um conjunto de normas bem elaboradas; é fundamental que elas sejam aplicadas, compreendidas e respeitadas por todos os envolvidos na operação do fundo.
A efetividade está diretamente relacionada à capacidade do compliance de prevenir, detectar e responder a irregularidades. Mais do que uma obrigação legal, a política de compliance atua como um sistema de defesa da reputação do fundo, garantindo alinhamento com as normas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), proteção aos cotistas e boas práticas de mercado. Avaliar sua eficácia exige um olhar criterioso sobre métricas quantitativas e qualitativas que vão além da mera existência de procedimentos.
Política de compliance: indicadores de efetividade e boas práticas
Para avaliar a efetividade de uma política de compliance, é necessário estabelecer indicadores claros e mensuráveis. Um dos principais é o nível de aderência dos processos internos ao regulamento do fundo e às normativas externas. Isso inclui o monitoramento do cumprimento de prazos regulatórios, a frequência e qualidade dos relatórios de compliance, a atualização dos manuais internos e a conformidade com normas de prevenção à lavagem de dinheiro e financiamento ao terrorismo.

Rodrigo Balassiano ressalta que outro fator importante é a periodicidade das auditorias internas e externas, bem como o índice de não conformidades identificadas. A presença de falhas recorrentes pode indicar que a política está sendo ignorada ou aplicada de forma superficial. Além disso, o volume de treinamentos realizados, o percentual de participação dos colaboradores e a existência de programas contínuos de capacitação também são métricas relevantes. Um ambiente de cultura ética só se consolida quando há conhecimento e envolvimento efetivo dos profissionais.
Outro indicador importante é o grau de atuação do canal de denúncias. A existência de registros, sua resolução dentro de prazos razoáveis e o nível de satisfação com o tratamento dado às ocorrências demonstram a maturidade do sistema de integridade. É igualmente relevante verificar se as decisões do comitê de compliance são documentadas e se as ações corretivas têm efeito real sobre as operações. A ausência de consequência para condutas irregulares pode comprometer a credibilidade da política e gerar riscos reputacionais sérios.
O papel da tecnologia na gestão e mensuração da conformidade
A tecnologia tem sido uma aliada cada vez mais estratégica na gestão da política de compliance. Ferramentas digitais permitem o monitoramento em tempo real de processos, o registro automatizado de evidências de conformidade e a geração de alertas sobre potenciais desvios. Rodrigo Balassiano observa que softwares de governança e compliance permitem centralizar documentos, rastrear interações e gerar relatórios detalhados para órgãos reguladores e para os próprios cotistas.
Essas soluções também ajudam na construção de trilhas de auditoria, fundamentais para provar a diligência do fundo em fiscalizações. Sistemas integrados com plataformas de back office e com o custodiante do fundo permitem cruzar informações financeiras, operacionais e normativas, aumentando a confiabilidade dos dados analisados. Essa integração contribui para antecipar falhas e demonstrar, de forma concreta, o esforço do gestor e do administrador em manter a conformidade como prática constante e não apenas como formalidade.
Considerações finais
Medir a efetividade da política de compliance de um fundo é um exercício contínuo de avaliação, correção e aprimoramento. Mais do que uma exigência legal, trata-se de uma prática indispensável à solidez institucional e à proteção dos investidores. Rodrigo Balassiano enfatiza que fundos que priorizam o compliance como valor e não apenas como obrigação tendem a conquistar maior confiança do mercado e a sustentar relações mais duradouras com seus cotistas. Em tempos de exigência crescente por transparência, a política de compliance bem implementada é um ativo estratégico com valor mensurável.
Autor: Scherer Schmidt