Isadora Cristina de Sousa, mãe da bebê, registrou reclamação na ouvidoria do GDF após médica assumir responsabilidade por demora no parto. Aurora tinha apenas 3 dias de vida.
Uma família denuncia a morte, nesta terça-feira (21), de uma recém-nascida por complicações causadas durante o trabalho de parto no Hospital Regional de Taguatinga (HRT), no Distrito Federal. Aurora tinha apenas 3 dias de vida.
Isadora Cristina de Sousa, de 27 anos, mãe da bebê, registrou uma reclamação na ouvidoria do GDF porque, segundo ela, uma médica da equipe assumiu a responsabilidade pela demorada para realizar o parto. Apesar de ter recomendação profissional, Isadora só passou por uma cesárea mais de uma semana depois.
“Ela veio até mim, me abraçou, pegou na minha mão, pediu perdão. Ela falou ‘perdão, é culpa nossa. Nós somos os únicos responsáveis’, e saiu aos pratos de dentro da sala. Mas já era tarde, né?”, conta a mãe.
O g1 questionou a Secretaria de Saúde sobre a demora no parto, mas não obteve resposta sobre o assunto. A pasta destaca apenas quais passos foram seguidas pela equipe médica da unidade de saúde.
Em uma rede social, o governador Ibaneis Rocha (MDB) disse que a área da Saúde é prioridade desde o começo do seu primeiro mandato, em 2019 (veja foto acima).
“Em 5 anos, investimos mais de R$ 48,4 bilhões para elevar a qualidade dos serviços”, diz Ibaneis.
À TV Globo, o governador contou que se reuniu com a secretária de Saúde, Lucilene Florêncio, e com o presidente do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (Iges-DF), Juracy Lacerda cobrando providências, mas não deu mais detalhes.
Pelo menos outros três casos de mortes de crianças na rede pública de saúde foram registrados na capital no último mês. As famílias denunciam negligência:
À TV Globo, Isadora Cristina de Sousa, mãe da bebê Aurora, morta na terça-feira (21), contou que com 38 semanas de gestação passou a ter picos de pressão alta. Ela diz que recebeu um encaminhamento da médica que a acompanhou durante o pré-natal para que fosse internada e fizesse uma cesárea.
“A médica que estava no plantão ao qual eu fui atendida falou que não era assim que funcionava, que tinha que esperar o bebê querer vir. Eu voltei para casa do dia 9 até sexta-feira, a última sexta-feira, quando resolveram me internar”, diz Isadora.
A jovem conta que, depois da internação, ficou mais de 24 horas tomando medicação para induzir o parto normal, mas não houve nenhum efeito. Quando os médicos foram conferir os batimentos cardíacos do bebê, perceberam que o coração de Aurora estava “perdendo a força”.
A cesárea de emergência foi feita sábado (18) à noite. A bebê precisou ser reanimada diversas vezes e foi levada para a UTI, mas na manhã desta terça-feira (21), ela não resistiu e morreu.
“Minha bebê estava bem, ela tinha batimentos normais. Resolveram fazer essa cesárea só quando já não ouviram mais, quando já não tinha mais o que fazer, sendo que poderia ter sido feito antes”, afirma Isadora.
Agora, Isadora pede por justiça. “Não traz minha filha de volta, mas dá alguma esperança de que isso não vai mais acontecer com outras pessoas, com outros bebês, que outras pessoas não vão passar pela dor que eu estou passando”, aponta a mãe.
O que diz a Secretaria de Saúde
“A Secretaria de Saúde informa que a paciente Izadora Cristina de Souza realizou consultas de pré-natal na Unidade Básica da Rede.
A mesma foi internada no Hospital Regional de Taguatinga para realização do parto no dia 17 de maio.
A pasta destaca que, durante a internação, foi avaliada a vitalidade sem intercorrências . Foram realizadas escutas seriadas do feto e a mãe permaneceu em observação com indução do trabalho de parto, recebendo todas as orientações necessárias.
Por fim a pasta informa, que durante o trabalho de parto foi indicada cesárea de emergência.
A pasta esclarece que o bebê nasceu necessitando de reanimação. Após essas manobras de reanimação, foi encaminhado à UTI Neonatal do mesmo hospital, onde permaneceu por 2 dias sob cuidados intensivos.”