O evento “Portões Abertos de Brasília” é uma celebração anual que aproxima a sociedade da Força Aérea Brasileira, oferecendo exposições de aeronaves, apresentações culturais e atividades para toda a família. Para muitos pequenos empreendedores, essa é uma oportunidade única de divulgar seus produtos e fortalecer sua marca. No entanto, a participação em eventos como esse pode ser financeiramente inviável devido a custos elevados e políticas restritivas.
Milena Mendes de Souza, proprietária do negócio “Forcinha Aérea Oficial”, é um exemplo de como as barreiras econômicas podem excluir pequenos comerciantes de eventos públicos. Moradora de uma cidade distante a 1.500 km de Brasília, Milena já enfrenta desafios logísticos e financeiros para participar do evento. Além das despesas com viagem, contratação de ajudantes e aluguel de espaço, ela se deparou com uma taxa de 35% sobre as vendas, cobrada pela empresa responsável pela organização do evento.
Essa taxa representa uma porcentagem significativa do lucro, tornando a participação financeiramente inviável para muitos pequenos empreendedores. Milena expressou sua frustração ao afirmar que, mesmo aumentando os preços de seus produtos para cobrir os custos, a taxa elevada continuaria comprometendo sua margem de lucro. Além disso, ela destacou que os organizadores do evento também enfrentam dificuldades, pois estão pagando caro pelo direito de organizar o evento, o que limita sua capacidade de flexibilizar as condições para os expositores.
A situação de Milena reflete um problema mais amplo enfrentado por pequenos empreendedores em eventos públicos: a falta de acessibilidade econômica. Embora esses eventos sejam oportunidades valiosas para divulgação e vendas, os custos associados podem ser proibitivos para aqueles que não dispõem de recursos financeiros significativos. Isso resulta em uma exclusão não intencional, mas real, de pequenos negócios que poderiam enriquecer a diversidade e a autenticidade do evento.
Além das questões financeiras, Milena também apontou restrições crescentes em eventos do setor, como a proibição da venda de aviõezinhos de brinquedo, sob a alegação de que podem representar riscos a aeronaves. Essas restrições podem limitar ainda mais as opções de produtos disponíveis para o público e afetar negativamente as vendas dos expositores. É importante equilibrar a segurança com a diversidade de ofertas, para que o evento continue atraente e acessível para todos.
Apesar dos desafios enfrentados, Milena permanece otimista e comprometida com sua paixão pela aviação e pelo empreendedorismo. Ela utiliza os lucros obtidos em eventos como o “Portões Abertos de Brasília” para financiar projetos sociais, como a doação de brinquedos a aeroclubes e ações para incentivar crianças e adultos a conhecerem mais sobre o mundo da aviação. Sua dedicação demonstra como pequenos empreendedores podem ter um impacto positivo na comunidade, mesmo diante de obstáculos significativos.
A situação de Milena destaca a necessidade de repensar as políticas e estruturas de eventos públicos, para garantir que sejam inclusivos e acessíveis a todos os empreendedores, independentemente de seu porte ou capacidade financeira. É fundamental criar condições que permitam a participação de pequenos negócios, promovendo a diversidade e a equidade no acesso a oportunidades.
Em última análise, a inclusão de pequenos empreendedores em eventos públicos não só beneficia os negócios individuais, mas também enriquece a experiência do público, oferecendo uma gama mais ampla de produtos e perspectivas. Ao apoiar e facilitar a participação de pequenos comerciantes, podemos construir uma economia mais justa e dinâmica, onde todos têm a oportunidade de prosperar.
Autor: Scherer Schmidt