Lúcio Costa, arquiteto e urbanista brasileiro, é o nome por trás do plano que deu vida a Brasília, a capital planejada do Brasil. Nascido em Toulon, França, em 27 de fevereiro de 1902, ele se tornou um marco na história nacional ao vencer, em 1957, o concurso para o projeto da nova sede do governo. Seu Plano Piloto, apresentado em apenas cinco páginas e alguns croquis, foi escolhido entre 26 propostas por sua simplicidade e genialidade. Aos 55 anos, Costa mostrou que a visão podia superar a complexidade. Ele faleceu em 1998, mas seu legado segue vivo. Brasília é a prova concreta de seu talento.
Filho de um almirante brasileiro, Costa passou a infância entre a Europa e o Brasil, o que influenciou sua formação eclética. Estudou na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, onde inicialmente se voltou para a arquitetura tradicional. Nos anos 1930, porém, abraçou o modernismo ao lado de nomes como Gregori Warchavchik. Sua passagem como diretor da escola, em 1931, foi marcante, mas breve — ele renunciou por divergências com o ensino conservador. Essa experiência o preparou para pensar além do convencional. Foi o embrião de ideias que culminariam em Brasília.
O Plano Piloto de Brasília, concebido por Costa, reflete uma visão urbana revolucionária para a época. Inspirado em conceitos modernistas de Le Corbusier, ele propôs uma cidade funcional, dividida em setores como residencial, comercial e administrativo. O traçado em forma de cruz — ou de avião, como muitos interpretam — organiza a capital em dois eixos: o Monumental e o Residencial. A ideia era criar um espaço ordenado, mas vivo, integrado à paisagem do Planalto Central. Simplicidade e clareza definem o projeto. É uma obra que une estética e praticidade.
A parceria com Oscar Niemeyer, responsável pelos edifícios icônicos de Brasília, foi essencial para o sucesso do plano. Enquanto Costa desenhou a estrutura urbana, Niemeyer deu forma às construções, como a Catedral e o Palácio da Alvorada. A colaboração entre os dois transformou a capital em um marco arquitetônico mundial. Costa valorizava a monumentalidade, mas sem perder a escala humana — ruas largas convivem com áreas verdes e espaços pensados para o pedestre. Essa harmonia é um dos legados mais admirados de Brasília. Juntos, eles criaram uma cidade única.
Brasília nasceu de um sonho ambicioso do presidente Juscelino Kubitschek, que queria transferir a capital para o interior e impulsionar o desenvolvimento do Centro-Oeste. Inaugurada em 21 de abril de 1960, a cidade foi erguida em tempo recorde, em menos de quatro anos. O plano de Costa não apenas atendeu a essa meta, mas também projetou o Brasil como uma nação moderna no cenário global. Hoje, a capital é Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, reconhecida por sua ousadia urbanística. O visionário acertou ao apostar no futuro. Sua obra transcendeu gerações.
Apesar do sucesso, o projeto de Costa enfrentou críticas ao longo do tempo, especialmente sobre a funcionalidade de Brasília. Alguns apontam que a cidade, planejada para 500 mil habitantes, hoje abriga mais de 3 milhões, gerando desafios como trânsito e expansão desordenada. Outros questionam a falta de “calor humano” nas largas avenidas e setores rígidos. Costa, no entanto, defendia que sua criação era um ponto de partida, adaptável com o tempo. Ele via Brasília como um organismo vivo, não uma peça estática. As críticas não apagam sua genialidade.
Além de Brasília, Lúcio Costa deixou contribuições significativas em outros projetos, como o plano urbanístico da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Sua paixão pela preservação também se destacou na criação do Iphan, em 1937, onde ajudou a proteger o patrimônio histórico brasileiro. Ele rejeitava a arquitetura como mera decoração, buscando sempre um propósito maior. Sua visão ia além de construir — era sobre planejar o modo como as pessoas vivem. Esse pensamento o colocou entre os maiores urbanistas do século XX. Costa foi um arquiteto de ideias duradouras.
Por fim, Lúcio Costa é mais que o criador de Brasília; ele é um símbolo de inovação e coragem. Sua trajetória mostra como a simplicidade pode gerar impacto monumental, transformando o vazio do Planalto Central em uma obra-prima urbana. Aos 122 anos de seu nascimento, celebrado em 2024, seu nome segue reverenciado. Brasília, com suas curvas, linhas e espaços abertos, é o testamento de um homem que sonhou grande. O Brasil deve a ele uma capital que reflete ambição e identidade. Lúcio Costa vive eternamente em sua cidade.