A legislação ambiental exerce influência direta sobre o desenvolvimento urbano e o mercado imobiliário. De acordo com Fernando Bruno Crestani, especialista em planejamento urbano e sustentabilidade no setor imobiliário, compreender os efeitos dessas normas é essencial para garantir a viabilidade técnica, jurídica e econômica de novos empreendimentos.
O que diz a legislação ambiental e como ela afeta os projetos
No Brasil, a legislação ambiental é composta por um conjunto robusto de normas federais, estaduais e municipais. A Lei nº 6.938/1981, que institui a Política Nacional do Meio Ambiente, e a Resolução CONAMA 001/1986, que trata do licenciamento ambiental, são exemplos de dispositivos que orientam o uso do solo, a proteção de recursos naturais e a obrigatoriedade de estudos de impacto ambiental.
Segundo Fernando Bruno Crestani, a incorporação urbana precisa respeitar áreas de preservação permanente (APPs), limites de uso do solo, critérios de impermeabilização, manejo de resíduos, controle de ruído, entre outros aspectos. O descumprimento dessas regras pode levar à paralisação da obra, multas elevadas e até a inviabilização do projeto.
Licenciamento ambiental: um processo técnico e estratégico
O licenciamento ambiental é uma das etapas mais críticas e complexas para incorporadoras. Ele envolve a obtenção de diferentes licenças — prévia, de instalação e de operação —, e pode demandar estudos como o EIA/RIMA (Estudo e Relatório de Impacto Ambiental), relatórios simplificados ou pareceres técnicos específicos.
Fernando Bruno Crestani indica que o sucesso desse processo depende de uma análise antecipada da legislação local e do engajamento de uma equipe multidisciplinar, que integre engenheiros, biólogos, advogados e arquitetos. O alinhamento entre as exigências legais e o conceito do empreendimento é crucial para evitar retrabalhos e atrasos.
Planejamento sustentável como diferencial competitivo
Mais do que obrigação, seguir a legislação ambiental tem se tornado uma vantagem estratégica. Incorporadoras que integram práticas sustentáveis desde a concepção do projeto ganham respaldo social, maior facilidade na aprovação junto aos órgãos competentes e visibilidade positiva no mercado.
Assim como frisa Fernando Bruno Crestani, empreendimentos com soluções de eficiência hídrica, gestão de resíduos, preservação da vegetação nativa e mobilidade sustentável têm maior apelo junto ao consumidor e podem ser valorizados em até 30% quando certificados por selos como LEED ou AQUA-HQE.

Relação com políticas públicas e zoneamento urbano
As normas ambientais também se conectam com políticas de ordenamento territorial e zoneamento. Muitos municípios adotam Planos Diretores que incluem diretrizes ambientais, limitando a densidade construtiva em áreas sensíveis, incentivando o adensamento em regiões consolidadas e exigindo contrapartidas ambientais para grandes empreendimentos.
De acordo com Fernando Bruno Crestani, a antecipação ao conteúdo desses planos é fundamental para o sucesso da incorporação. A falta de diálogo com as autoridades locais ou o desconhecimento das políticas públicas vigentes pode comprometer o licenciamento e gerar custos adicionais inesperados.
Mitigação de riscos e segurança jurídica
Incorporar aspectos ambientais ao planejamento não é apenas uma questão ética ou mercadológica, mas também jurídica. A responsabilidade ambiental do empreendedor é objetiva, ou seja, independe de culpa. Isso significa que, em caso de dano ambiental, a incorporadora pode ser responsabilizada mesmo sem intenção de causar o impacto.
Conforme destaca Fernando Bruno Crestani, empresas que atuam preventivamente, com laudos técnicos bem fundamentados e registros formais de todos os procedimentos, conseguem mitigar riscos, assegurar a governança do projeto e construir uma imagem institucional sólida e confiável.
Meio ambiente como parte essencial do ciclo da incorporação
A legislação ambiental é uma realidade incontornável no processo de incorporação urbana. Atuar em conformidade com ela exige atenção, especialização e estratégia, mas também oferece oportunidades de inovação, diferenciação e valorização.
Num cenário de cidades mais exigentes e consumidores mais conscientes, as incorporadoras que integram a sustentabilidade ao seu DNA não apenas evitam sanções, mas se posicionam como protagonistas de uma transformação urbana alinhada com o futuro.
Autor: Scherer Schmidt